foto da obra da demolidora Fernandes Souza

Proclamação da Republica 2017

O fato e o que levou a ele A obra tem como cenário o Campo de Santana, na antiga Praça da Aclamação – onde D. Pedro 1º se deu o título de imperador décadas antes – no centro do Rio de Janeiro, então capital do país. À direita, o quartel-general do Exército – onde hoje se localiza o Palácio Duque de Caxias, ainda de uso militar, ao lado da Estação Central do Brasil. O espaço é ocupado por militares, com canhões e cavalaria. Ao centro, figuras fazem um gesto vitorioso, estendendo o braço para o alto. Dentre eles, com maior evidência, o marechal Manuel Deodoro da Fonseca.

Amigo de tempos de D. Pedro 2º, Deodoro foi personagem-chave para a destituição da monarquia e formação de um novo governo provisório republicano. Herói da Guerra do Paraguai (1864-1870), era figura muito respeitada por militares, o que garantiu a adesão deles à revolta contra o imperador. Na tela, o marechal aparece com traje militar revestido de condecorações, com o braço estendido empunhando não uma espada, mas um quepe militar, sinal da ausência de resistência e, por sua vez, de violência durante o processo.

 

 

A história está repleta de acontecimentos e heróis grandiosos que, invariavelmente, acabaram sendo imortalizados em telas. O momento de fundação da República no Brasil, em 1889, não escapou disso. A proclamação – que faz seu 127º aniversário neste 15 de novembro de 2016 – é peculiar e já carregava em si pistas de como se constituiria a nova forma de governo no país. Isso porque para destituir o imperador D. Pedro 2º e expulsar a família real, não se viu confronto, nem se envolveu a parte mais interessada: o povo. Para completar, sobre a dita proclamação ainda recai dúvidas de pesquisadores sobre se ela sequer existiu. Lilia Schwarcz, historiadora, antropóloga e colunista do Nexo, em seu livro “As Barbas do Imperador – D. Pedro 2º, um monarca nos trópicos” diz que “ao que parece, a República não se proclamou ‘no berro’, nem deu Deodoro um grito homólogo ao também suspeito grito do Ipiranga. (…) A República do Brasil não fora proclamada, mas aclamada.” Um dos artistas brasileiros que se lançou à tarefa de pintar o acontecimento foi o pintor paulista Benedito Calixto. Autodidata e bem relacionado com a elite de cafeicultores paulistas, recebe a encomenda de fazer a tela da proclamação da República, quatro anos depois de ela ter acontecido. “Até então, ele fazia apenas retratos, recuperações de figuras heróicas, mas nada numa proporção tão grande quanto a proclamação. Esse é o maior fato que ele retrata”, diz a professora e pesquisadora especialista na obra de Calixto, Karin Philippov. Após voltar de uma temporada de estudos em Paris, ele recebe a encomenda do quadro e parte de fotografias e representações do ato para reproduzir a cena. “Ele tem uma linguagem, uma gramática visual muito peculiar e muito forte. Isso faz com que as pinturas tenham esse ar de encenação, o que é muito diferente de outros pintores com quadros da época como Oscar Pereira da Silva e Henrique Bernardelli.” Tomando como referência o quadro “Proclamação da República” (1893) de Benedito Calixto, ouvimos especialistas sobre o contexto da época e do ato que deu outro rumo para a história do país.

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